terça-feira, 26 de abril de 2011

Poesia

  O fim de um breve caso


Tentei fazer o negócio de pé
dessa vez.
normalmente não custuma
funcionar.
dessa vez parecia
que...


ela seguia dizendo
''ó, meu Deus, você tem 
pernas lindas!''


tudo estava bem
até que ela tirou os
pés do chão
e enrroscou suas pernas
em volta dos meus quadris.


''ó, meu Deus, você tem
pernas lindas!''


ela pesava cerca de 63
quilos e ficou ali presa enquanto eu
trabalhava.


foi só quando eu cheguei ao clímax
que senti a dor
correr espinha
acima.


deitei-a no sofá
e caminhei ao redor
da sala.
a dor continuava.


''olha só'', eu disse,
''é melhor você ir. tenho
que revelar uns filmes
na minha câmara escura.''


ela se vestiu e se foi
e eu segui até a
cozinha para um copo
d'água. peguei um copo cheio
com a mãe esquerda.
a dor correu para além das minhas
orelhas e
deixei cair o copo
que se espatifou no chão.


entrei numa banheira cheia de
água quente e sais Epsom.
recém tinha acabado de me esticar
quando o telefone tocou.
ao tentar endireitar
minhas costas
a dor se estendeu por
pescoço e braços.
caí pesadamente
me agarrei às bordas da banheira
consegui sair 
com raios verdes e amarelos
e luzes vermelhas
lampejando em minha cabeça.


o telefone continuava tocando.
atendi.
''alô?''


''EU TE AMO!'', ela disse.


''obrigado'', eu disse.


''é tudo que você tem
pra me dizer?''


''sim.''


''vá à merda!'' ela disse e
desligou.


o amor se esgota, pensei
ao caminhar de volta ao 
banheiro, mais rápido
do que um jato de esperma.








Charles Bukowski, o velho bêbado assanhado, do livro: ''O amor é um cão dos diabos''.
Pra quem gosta de um livro de bolso pra ler no ônibus, na sala de espera do dentista, no engarrafamento, esperando o amigo que ta prestes a te dar um bolo, ou comendo pipoca no banco do parque numa bela tarde de domingo, eu recomendo.
Esse livro em especial, fala de muitos e muitos de seus casos com suas putas e suas curtas ''histórias de amor''. 
Ótimo pra fazer uma pausa depois de horas de filosofia na biblioteca! 



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